Thursday, September 6

Mundo Necrófago



A perturbante saudade de uma infinita virtude, trespassa a força física do nosso ser. E a eterna quimera de uma realidade perdida, fez deste canastro um objecto árido e isento de alento.

As barreiras foram erguidas e as batalhas nunca cessarão. Apesar das tormentas assolarem os guardiões, não dão por findo o caminho que os conduzirá à plenitude.

O sentimento de soberania desintegra-se progressivamente sob a chuva negra que cai sem ab-rogar. Um rasto dissolve-se por entre as ervas densas e o trilho dissipa-se por entre as brumas.

A coragem é saudada como uma eficaz arma de combate e o medo, o inimigo abominado. A devastação é perceptível somente àqueles que a pretendem, mas o conflito entre os dois mundos só fenece quando a inclemência das nossas mentes for sarada.

11 comments:

World without end said...

So much pain... is it, at least, a pain that you're used to?

***LadyBird*** said...

Trata-se de lição de vida...
Todos precisamos de passar por fases difíceis, talvez até incompreensíveis e bastante dolorosas, para fazermos a transição de uma vida utópica para uma realidade que desconhecíamos.

Em toda a nossa vida vamos passar por batalhas, faz parte e não há forma de as evitarmos. Tornam-nos extremamente vulneráveis, mas o que nos faz seguir em frente é a coragem pessoal e aquela que advem das pessoas que nos rodeiam e que não têm receio em demonstrar a importância que temos para elas.

Não se trata de dor, trata-se de amadurecimento, fortalecimento, reconhecimento e valorização pessoal. Trata-se de descobrir quem somos e o que realmente é importante para nós.

World without end said...

Não sei muito bem como responder ao que escreveste. Nem sequer sei se tenho – ou devo – de responder.
Mas, após estes dias todos, as tuas palavras permaneceram dentro de mim, ressoaram num qualquer canto escuro da minha alma, de tal modo que me senti movido a escrever-te.
Compreende :
Eu só posso responder por mim, e pelo meu coração. Nunca poderei responder por ti, pu por outros.
Falas de lições : concordo com o que dizes. Compreendo, e aceito, o valor de cada lição que aprendo, ainda que por vezes tenha de passar pelo inferno para as aprender.
Do mesmo modo, acredito que tão importantes (ou mais ainda) como as lições que aprendo, são aquelas que eu ainda não sei que aprendi; aquelas cujo significado será tornado evidente quando as circunstâncias o permitirem.
Eu não te conheço, Joana. Não faço idéia da pessoa que és, nem de quem tu és. Mas pelo que dás a entender, através do que escreves, presumo que já devas ter passado por um bom pedaço.
Não imagino o que terá sido, mas sinto que foi suficientemente desagradavél para ter deixado tão ideléveis marcas em ti.
E é bom, eu sei, ter pessoas ao nosso lado quanto nos sentimos em baixo. É maravilhoso tê-las do nosso lado quando nos sentimos a cair. A sua ajuda é essencial.
Mas elas nunca estão lá naqueles momentos em que batemos fundo, aqueles momentos em que só nos sentimos o desespero, quando sabemos no nosso íntimo que não há esperança.
Sabes o que é a esperança, Joana? A esperança é algo que reside dentro de nós, é aquilo que nos dá força; a esperança que um novo, e melhor dia virá.
Mas é uma faca de dois gumes, little girl. Porque nunca ninguém, não os nossos pais, nem os nossos amigos, nem aqueles que nos são próximos, ou aqueles que nos amam e nós amamos, alguma vez nos disse que ela é a coisa mais fácil de perder.
E é quando a perdemos, quando sabemos que nem Deus nos irá salvar de nós mesmos, que caímos, tal como um anjo caí da graça, para nunca mais ascendermos.

Não me atreverrei a estabelecer paralelos entre a tua vida e a minha; ainda que eu te diga que a minha vida tem sido sempre a perder, que desde demasiado novo sinto o espectro da morte sobre mim, ainda que te diga que todas as pessoas que passam pela minha vida não têm sidoa nada mais do que uma sucessão de desilusões, e que por vezes passo noites em profunda contemplação, ponderando sobre a vida, o destino, por vezes obcecado com a morte daqueles que outrora me foram próximos.
Não, a tua vida é a tua vida, assim como a minha vida é a minha cruz, e só eu a posso carregar.
Mas sei, pequena, (e porque tive tempo para o parender) que o tempo cura todas as feridas. Mesmo aquelas que existem no nosso âmago, aquelas que não queremos que nínguem as conheça.

Permite-me que te diga o quanto admiro a maneira como lidas com (seja lá o que for) aquilo que te aflige : o mero facto de o escreveres, com maior ou menor sacrifício, é sinal de que de algum modo procuras exorcizar os teus fantasmas, e isso, com o tempo irá trazer comforto, e verás que tudo passará, e acabará depressa.
Há pouco disse que não te conheço. Em tempos, quis muito conhecer-te, e essa ânsia irracional fez com que eu tivesse tido atitudes estúpidas.
Não pedirei o teu perdão, nem pedirei que esqueças o que se passou.
Por um lado, sabes, até prefiro assim. Gostava que tivesses conhecido a pessoa que eu era até há uns quatro anos atrás ( a Alice ainda conheceu um eco dessa pesoa). Eu era tão alegre, tão feliz por estar vivo... as pessoas genuínamente gostavam de estar comigo. Arrisco-me a dizer que terias gostado bastante da pessoa que eu era.
A minha maneira de lidar com todos os factos e circunstância que levaram a que eu perdesse noção de quem e do que eu era é agora uma missão de sacrifício.
Dei a mim mesmo o prazo de um ano para resolver aquilo que está errado comigo. Identifiquei mais de cinquenta coisas que eu sinto que de alguma forma me restringem, e me impedem de viver.
A minha esperança é que daqui a um ano eu volte a ser quem eu era. E aí, quem sabe, talvez eu seja merecedor de finalmente saber quem és, também.


P.s. - esta frase "omnia mutantur, nos et mutamur in illis", significa, "all thins change, and we change with them".
Inspiracional, não?

Beijo!

***LadyBird*** said...

Bem, nem sei o que dizer com tamanhas palavras. Confesso que fiquei comovida e até mesmo preocupada com a dimensão da tua melancolia.

Uma das coisas que a minha psicóloga disse na primeira sessão foi que nada ocorre por acaso, tudo o que acontece e todas as pessoas que se cruzam no nosso caminho, sejam elas boas ou más, definem o nosso destino e de certa forma poderão enriquecer o nosso EU.
Estas palavras foram vezes sem conta ditas pela minha mãe, mas adquirem uma riqueza maior quando proferidas por uma especialista.

Tenho um caminho longo de “cura” pela frente, mas nem tudo é um mar negro, aquilo que me mantém todos os dias de pé é sem duvida alguma, não apenas a grande força e energia que tenho, mas principalmente as pessoas fantásticas que tenho ao meu lado. Só assim descobres a verdadeira importância que tens para os outros e muito sinceramente, sinto-me feliz por poder dizer convictamente que sou AMADA. Sou amada incondicionalmente pela minha família de que me orgulho fortemente e sou amada pelos meus verdadeiros amigos que não receiam em me convidar para mil e uma coisas e que dizem vezes sem conta a importância que tenho para eles e a pessoa maravilhosa que sou. Esta é a minha verdadeira riqueza!

Enfim… constrói os teus alicerces para que não vás abaixo. Agarra-te às coisas que realmente te dão prazer na vida e às pessoas que te valorizam :)))))

Beijo*****

World without end said...

Primeiro, deixa-me pedir-te desculpa pela quantidade de erros ortográficos... argh...

Segundo, fico feliz por teres gostado das minhas palavras. Mas atenção, esta 'melancolia' é algo positivo para mim, na medida em que me dá um propósito para a minha vida. Eu era uma pessoa realmente fenomenal, eu sei disso. Mas demasiadas desilusões fizeram com que eu me perdesse pelo caminho...
Tal como tu, também eu tenho ainda um longo caminho a percorrer, mas eu sei onde quero chegar, e sei o quão rapidamente eu quero (e conseguirei) lá chegar.
Tu tens sorte de ter todas estas pessoas do teu lado; quanto a mim, grande parte das pessoas que tenho como amigas, que tenho como próximas vivem no estrangeiro, e por muito que conversemos virtualmente, bem, não é a mesma coisa, pois não?

Vou-te dizer uma coisa que ainda ninguém sabe : eu era para ir ter ido a Londres a semana passada ter com a Alice, mas uns dias antes recebi um telefonema a dizer que uma pessoa que há vários anos atrás me tinha sido mais próxima do que uma irmã, tinha morrido.
Fiquei sem reacção. Sem saber o que fazer. Tenho estado estes dias todos afastado, sem dizer nada a ninguém.

Ás vezes sinto que um dia não terei nada mais para dizer. Que não terei nada mais para sentir. É nessas alturas, nas profundezas desse inverno, que eu finalmente descubro que dentro de mim jaz um verão invencivel.
Eu sei o que procuro, e aquilo que me faz falta. A minha fé é que um dia irei a voltar a ter isso. E a glória será não esquecer que, tal como uma fénix, um dia irei renascer, e crescer umas asas que me farão voar...

Beijo!

sérgio alcântara said...

...(sem palavras)...

World without end said...

Sérgio, não penses que digo isto com qq tom agressivo, porque não o faço.. mas em que contexto dizes isso?

Abraço,

Gonçalo

sérgio alcântara said...

Estava a referir-me ao que a Joana escreveu. Nao me compete nem tenho o costume de me intrometer no que pessoas que não conheço minimamente escrevem, a menos que sejam escritas de forma provocatória.
Quanto ao que escreveste "apenas" digo que - amigo do meu amigo, meu amigo é - certo?

World without end said...

Certíssimo! Já vi, gostei e comentei, o teu blog! Keep up the good work!

Anonymous said...

Quando é que mudas isto???
vira a página, às vezes é preciso.
bjs

***LadyBird*** said...

Epá! Não tenho tido grande "saco" pra isto
:-P

Mas hoje já coloquei New Stuff!
Espero que gostes...

Beijicoooooooooooos*******